sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

That Hamilton Woman

Vivien Leigh e Laurence Olivier

Cheguei ao momento em que tenho de explicar o porquê de ter dado ao meu blogue este nome estranho e definitivo. Uma vez que falo sobre cinema e literatura faz perfeito sentido que as minhas raízes assentem num estilo hollywoodesco e clássico: That Hamilton Woman.
Os amantes da História bélica inglesa certamente já terão ouvido falar num tal Lord Nelson, herói e feroz combatente na luta contra Napoleão Bonaparte. As referências cinematográficas são demasiadas e, como não podia deixar de ser, umas datam de 1940 d.C (Durante os Clássicos). O casal Olivier/Leigh decidiu, por bem, retratar a história por trás da História. Existirá sempre um amor profundo, sagrado e incorrecto nestas coisas da História e do Cinema. Vivien Leigh é, claro, Aquela Mulher Hamilton. Que brinca entre a mulher simples e humilde de um homem mais velho e a mulher adúltera e conivente com as artes do amor. Apaixona-se por Lord Nelson (Laurence Olivier) ainda antes de este o ser . A química pretendida está lá. Um daqueles casos em que a realidade e a ficção se cruzam. E este é um dos momentos cinematográficos que destrona um Casablanca com demasiada facilidade.
Uma vez que a história não é sobre Lord Nelson mas sobre a criança adulta que se pavoneia no seu sorriso frágil tipicamente VivianLeighnesco será de esperar pouca acção no campo de batalha. A intriga adensa-se por isso. Percebemos que não foi através das armas que Napoleão foi vencido e sim através de poder curativo e corajoso de um beijo. Seria menos dramático de outra forma e a poesia deste filme é o que me fascina.

Os diálogos, meus caros leitores, são belos e sofisticados. Poesia em bruto. Assistimos a luxuosas e rápidas tiradas que davam para transcrever num belo livro, encaderna-lo e coloca-lo numa prateleira. Porque o cinema também deve ser poesia, Vivian Leigh (que já me havia conquistado na sua juventude de Scarlett O’Hara) surpreende pela doçura majestosa de quem sabe o que sofreu a verdadeira Lady Hamilton. Seria de esperar um final feliz após as controversas negações da fama, da vitória e do amor. No entanto, Ema Hamilton é deixada sozinha esperando impaciente um amante que nunca regressará. Que ficou no campo de batalha de Trafalgar, vitorioso mas morto. Se pensarmos bem só assim uma história de amor poderá ser verdadeiramente poderosa. 



Caty.