Liesel Meminger: "Is that your book?"
Max Vandenburg: "It wasn't always mine."
As palavras sobrevivem-nos. Os livros não são objectos.
Também não são os nossos melhores amigos. Aqueles com quem partilhamos o amor
pelos livros são os nossos melhores amigos. O livro é um veículo. Um caminho.
Um bonito caminho. Mas um caminho. Até a um Outro.
Fazia falta um filme sobre livros. Um filme doce e bonito
sobre uma das coisas mais bonitas da Humanidade: a leitura. Não um filme sobre
escritores loucos, sobre um livro que tenha mudado a nossa vida. Nem sequer um filme sobre o momento mais negro da nossa Vida. Mas sobre tudo
isso. Sobre o amor. O amor ao Livro: o Livro como verdade incondicional. Este é
um filme sobre uma rapariga que ama a vida. Através das páginas escritas no
tempo.
Guardei na memória: “Encontrar-me-ás nas palavras”. Não é
isso, afinal, ler? Não se lê para passar o tempo. Não se escreve porque nos
apetece dizer coisas sobre o que nos passa na cabeça. Ler e escrever é
(sobre)viver. Este foi o primeiro filme sobre o Livro. Sobre o seu poder. Sobre
uma rapariga que aprendeu a viver quando aprendeu a ler e a escrever. Durante duas
horas e meia entramos naquela cave tão repleta de vidas escritas. Sentimos o desconforto do calor sofrido daqueles livros queimados. Sentimos o
burburinho, a emoção e a comoção daquela sala decorada a livros.
Palavras faltam. Fazia falta um filme que nos dissesse o
verdadeiro sentido da palavra LIVRO. A vida é bela. A sua beleza é provocada
pela beleza de um livro. Mesmo quando tudo é cinzento. Mesmo quando há bombas e
alarmes e caves cheias de medo da morte. Mesmo quando o momento da nossa
História é o mais negro. E há um livro: Mein Kampf. Em branco. Porque
também ele é um livro. E esse livro faz parte da vida. E da morte. E dos
Livros.
Deixo-vos dois conselhos:
Vejam o filme.
Leiam um livro.
Ou dois. Quando o terminarem saberão que estão, finalmente, a viver.
Resta-me o fim: um livro. Seja ele qual for. Tão bom. Tão
verdadeiro.
Caty.
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